O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Diálogo Poético: Adelia Prado e Ianê Mello




O VESTIDO 


No armário do meu quarto
escondo de tempo e traça meu vestido
estampado em fundo preto.

É de seda macia desenhada em campânulas
vermelhas à ponta de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito,
meu vestido de amante.

Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.

ADÉLIA PRADO



VESTIDO EM TRANSPARENTE


Em meu vestido rendado
de seda e de paixão
escondo um amor guardado
um amor em erupção

Amor vermelho encarnado
formosa rosa em botão
ao toque tão delicado
da maciez de tua mão

Nele meu corpo e desejo
escondem-se do tempo passado
e ao vesti-lo, num lampejo
mantenho o sonho acordado

Ainda guarda a transparência
que na fina seda se aninha
do perfume sua essência
delicadeza inteirinha minha.


IANÊ MELLO

*
Pintura de Michael Austin




5 comentários:

ONG ALERTA disse...

Belas escolhas beijo Lisette.

manuela barroso disse...

Vestidos: Sempre um discurso exterior
que diz muito de nós!
Duas poesias criteriosamente escolhidas.
Abraço

MARIA DA FONTE disse...

Muito interessante este blogue. Com textos muito bonitos. Parabéns.

José María Souza Costa disse...

Em retribuição, esto seguindo este blogue. Estaremos por aqui com leituras prazerosas
Força Sorte e Felicidades

Ianê Mello disse...

Agradeço aos amigos pela visita e cometários.
Grande abraço.

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