O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demais estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isso, o sábio em sua alma
Determina a medida de cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.
(Tao-Te King, Lao-Tsé)
terça-feira, 15 de março de 2011
O miserável
Eu vejo um miserável.
É um velho. Como a borra do café.
Espera o sino bater, bater nove vezes
E senta à igreja, na escadaria.
Tira do bolso um garfo e enche o estômago de perfumes.
É um velho.
Agora vai descendo a rua.
Balança os braços. Não pensa em nada.
Nem na noite que lhe envolve o corpo.
É um velho. E balança os braços.
Como um títere suspenso.
RODRIGO DELLA SANTINA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Belo poema sobre a fragilidade dos nossos velhos...da vida que se desrespeita...
Bjs
Obrigado, Ana! Que bom que gostou de meus versos.
Grande abraço,
Postar um comentário