O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demais estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isso, o sábio em sua alma
Determina a medida de cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.
(Tao-Te King, Lao-Tsé)
quinta-feira, 31 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
Diz-me quem eu sou

Hoje, apeteceu-me
Falar contigo
E de ti.
Hoje
Só quero olhar as estrelas,
Dormir ao relento
Da minha pele,
Desnudar-me
Do nada que sou
E voar!...
Voar como o condor
Em rodopios de azul
Perdido no vento que passa.
Voar…
Voar como quem voa
De paixão, embriagado.
Quero ser
Sol, lua e terra
Quero ser primavera
Flor na tua janela.
Hoje, apeteceu-me
Não ser eu
Quero ser
O outro, aquele, mais alguém
Quero ser todos e ninguém.
Quero ser
Ar, pó e nada
E voltar numa alvorada.
Hoje quero, somente,
Que me digas
Quem eu sou.
Bravo
Asas ecoam ao vento
Semente e flor
Pétalas bailam
Delírio infante
A canção do Condor.
Dos lábios, sou o riso
Da lágrima, a fonte
Sentimento diluído
No sabor do encanto.
Quem eu sou
Ainda flutua
Em placenta
E sonhos...
Lembranças de amor.
Lou Albergaria
quinta-feira, 24 de março de 2011
Rosas Com Amor
Sonhei com lindas pétalas de rosa!...
Viajei pela Via Láctea com teu olor...
Embebi-me nos versos e nas prosas,
Uma emoção invadiu-me: - Suave ardor!
Encontrar-te-ei, imagem majestosa!
Tenho uma visão terna! - Cheia de amor!
Estou em ti, minha estrela graciosa
Meu coração saltita! – Um beija-flor!
No “trailer” do filme: - Ah! Teu (meu) perfume!
Do teu longa-metragem fiz meu lume
Tenho comigo o teu riso feliz!
Tuas mãos nos meus cabelos! - Que carícia!
Tua luz se destaca na tez macia:
- Descrevo, amor, o momento feliz!
Machado de Carlos
terça-feira, 22 de março de 2011
Espasmos

Meros discípulos
Castigam-se
Em simbolismos
De previsão temporal
Onde não há ordem
Nem cedências.
Iluminados
Os servos do amor
Que ainda dormem
Sobre a sua imortalidade.
Num mundo utópico
De palavras torcidas
Pela melancolia
Da felicidade.
Somente
O eterno grito da liberdade
Deixa na alma
Estranhas palpitações.
José Bravo Rosa
Ecos desiguais
Um grito de liberdade
Faz romper o que é inércia
E ascende com a luz da alma
Os caminhos a prosseguir.
Felizes os que tem canto
E exalam em sons potentes
Com furor e propriedade
O odor da libertação.
Descontentes estão aqueles
Os quais já não tem mais voz
E entregue a o monstro feroz
Soltam apenas estertores.
Jairo Cerqueira
quarta-feira, 16 de março de 2011
Restos mortais

Restos mortais
Rebobinei o poeta
Em versos vãos.
Fiz dele
Uma negação.
Destruí,
Quimeras,
Sonhos,
Ilusão.
Sequei lágrimas
De compaixão.
Gastei em soluços
Doces palavras.
Apaguei da alma
A luz da vida
E gritei ao vento
A despedida.
E por fim
Ficaram,
Somente,
Restos mortais
Do que não sou.
José Bravo Rosa
terça-feira, 15 de março de 2011
PALAVRAS SUSPENSAS
Universo em desencanto
faz entoar o canto
do poeta trovador
Em versos, em rimas
desatina palavras suspensas
atira dores ao vento
com o bater de suas asas
Penas de águia,
olhar ao longe.
além do horizonte...
sempre além...
Em suas mãos brotam sonhos
Arco-íris matizados
em adjetivos, substantivos
Singular plural
Coletivo universal
Arquetípico sentir
O poeta cumpre assim
seu papel fundamental:
intérprete do humano
Ianê Mello
O miserável
Eu vejo um miserável.
É um velho. Como a borra do café.
Espera o sino bater, bater nove vezes
E senta à igreja, na escadaria.
Tira do bolso um garfo e enche o estômago de perfumes.
É um velho.
Agora vai descendo a rua.
Balança os braços. Não pensa em nada.
Nem na noite que lhe envolve o corpo.
É um velho. E balança os braços.
Como um títere suspenso.
RODRIGO DELLA SANTINA
segunda-feira, 14 de março de 2011
quinta-feira, 10 de março de 2011
Criatura
Ergue tua cabeça, criatura,
Sê completa em tua imperfeição!
Descobre teus olhos, tira-lhes as pálpebras que os
cobrem, e vê, quase que inteiramente, diluindo-se
célere, como no movimento browniano, a vida
miserável ante a ti.
Vê e ajoelha: o miserável és tu.
Ó, criatura, não balbucies,
Não tremas inutilmente os lábios;
Guarda o teu espanto, a tua dor, teu desespero;
Guarda o teu medo e tua vontade de chorar.
Não deixes roupas sujas sobre a cama.
Não deixes sobre a cama roupas sujas.
Limpa tua casa como se a vida fosse justa e tudo no
mundo te fosse indiferente ou desimportante.
Calça os teus sapatos de trabalhar,
Veste a tua calça de trabalhar,
Põe tua camisa e teu chapéu de trabalhar
E sê como és, ó criatura.
Mas ergue tua cabeça,
Tua cabeça ergue,
Não para sentires orgulho,
Mas para te enojares de ti sabiamente.
RODRIGO DELLA SANTINA
quarta-feira, 2 de março de 2011
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