• Baile de máscara 


    O que se esconde atrás da máscara?!
    a dor ou a verdade tão camuflada 
    em lágrimas contidas, 
    em gritos estrangulados na garganta
    em sonhos que não se realizam?
    O que se esconde atrás da máscara?!
    Minha identidade que se revela
    secreta....
    medonha...
    infeliz...
    Ai de mim!!!
    Que me escondo mas me revelo
    frente ao espelho da alma
    sem pudores 
    por não saber como esconder 
    minhas verdades
    não reveladas...
    não escancaradas...
    E neste baile da vida
    minha máscara sorri
    de mim!

    Enice de Faria


    Sem Máscaras


    Tire essa máscara
    dispa-se 
    sem pudor
    quero ver seu rosto
    límpido e sem mácula

    Olha-me nos olhos,
    por dentro
    que a vida passa
    num átimo
    de segundo

    Joga fora
    essa vergonha
    se mostre
    se exponha,
    aos meus olhos
    que te despem

    Minha máscara,
    vertida ao chão
    se encontra
    me olha, então,
    me vê...

    A beleza em mim 
    se mostra
    e busca 
    esse encontro
    entre você e eu.

    Ianê Mello


      

    Teatro de Máscaras

    Máscaras a encobrir nossa face
    Criadas pelo medo
    que se instala no ser
    obscurecido pela ausência
    do verdadeiro eu

    Emolduram o rosto
    e em seu contínuo uso
    nele tomam forma
    De tal maneira
    se incorporam e se amoldam
    que torna-se difícil
    vislumbrar a face original

    No exercício constante do disfarce
    a consciência de si mesmo
    se perde pouco a pouco

    No palco da vida
    Personagens assumem seu papel
    No diário teatro de máscaras

    Ianê Mello


    Rasgam fantasias
    Sobram tramas
    Rastros apagam
    Solitários anônimos
    Restam humanos

    Ydeo Oga

    No palco-monólogo
    Vestido de coragem
    Máscaras ao chão
    Corpos dançam
    Suor e lágrimas 

    Ydeo Oga


    Se despes
    a máscara
    para me amar

    Eu masco as horas
    em um redemoinho
    no umbigo

    Arrepio e sede

    Suspensos no ar
    somos o medo
    do encontro vazio

    Sabemos (hoje) que amar é uma possibilidade
    de guerra

    E, também, de sermos eternos
    um dentro do outro


    (Ainda que a batalha esteja perdida
    para sempre.)


    Lou Albergaria

    Neste baile..que é a vida...tirei a minha máscara..perante ti...olhaste-me com surpresa...sim...tenho a paixão nos meus olhos...o sorriso de desejo nos meus lábios...passavas por mim...e não vias...ainda bem que paraste...

    (Cris Anvago)


    BAILE DO MISTÉRIO

    Um rosto a máscara cobre
    Para esconder as amarguras
    Para assim viver um sonho
    E esquecer as desventuras

    No baile do mistério
    Contagiante liberdade
    Pierrots e Colombinas
    Não importa qual a idade

    O que vale é a alegria
    O que importa é dançar
    Sem parar a noite inteira
    Até quando o Sol raiar.

    Loiri Cortese



    Salão dos espelhos-Poesia em Três Atos
    Por Giselle Serejo em sexta-feira da ousadia Literária-Baile de Máscaras

    I Ato: A chegada da mascarada Colombina

    As luzes se acendem e os espelhos comovidos
    Ajeitam-se para receber Colombina, a mascarada.
    Majestosa em seu traje branco adentra o salão espelhado
    Num susto, (re) vê sua alma refletida no espelho que ri.
    Dá um grito e se pergunta: Quem és tu vestimenta costurada?
    Que ossos são esses? Ajuntados à ouro e a prata?
    Espelho refletido, num sorriso amarelo, responde:
    Sou Tu vestimenta preparada.
    II Ato: O encontro de Colombina e Arlequim
    Levantando suavemente o par de olhos que a beliscam
    Olha e vê seu amigo apaixonado, Arlequim, o desgarrado do reino.
    Os dois ao mesmo tempo estendem as mãos para contradança no salão
    Todos reverenciam a dupla de falsos.
    III Ato: Baile de máscaras começa
    Muitos risos rodopiam e saltitam pelo salão em xadrez
    O promíscuo Pierrot mais uma vez apronta a cena
    Encostado na varanda seminua dá um beijo em
    Afrodite que o empurra
    Colombina e Arlequim riem
    Fora de si
    Nesse instante sorrateiro
    Pisam em suas roupas
    Medéia e Galatéia
    Expulsas são, pelos donos do salão
    Os espelhos. Esperam outras máscaras
    Usuais em sua luxuriante ficção.

    Giselle Serejo