O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




sexta-feira, 24 de junho de 2011

O miserável




Eu vejo um miserável.
É um velho. Como a borra do café.
Espera o sino bater, bater nove vezes
E senta à igreja, na escadaria.
Tira do bolso um garfo e enche o estômago de perfumes.


É um velho.

Agora vai descendo a rua.
Balança os braços. Não pensa em nada.
Nem na noite que lhe envolve o corpo.
É um velho. E balança os braços.
Como um títere suspenso.

RODRIGO DELLA SANTINA


Digamos que a vida
foi rigorosa demais
Não encontrava saída
Fechado em conchas
num passado. tantas manchas
esqueceu-se do perdão,
de amigos e do pão


O alimento que perdia
era um passo atrás
a  cada dia, nada lembrava
do amor que no mundo havia
A fome e o abandono
o tornaram um miserável
O desprezo é abominável


Mas eis que virá o dia
Já alimentado e são
verá na miséria a Benção
que a vida dá como lição
Vera no amigo um abrigo
Verá na vida um irmão.


Ninguém permanece assim
para sempre, mesmo demente
sempre há quem busque
a devida solução.




Mirze Souza

2 comentários:

Marcelino disse...

Belíssimo texto, Rodrigo, uma descrição poética intensa, bem estruturada.

Anônimo disse...

A experiencia da vida nos da a liberdade de sermos dispersos, porem vividos!!!! Bom texto!

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