Eu vejo um miserável.
É um velho. Como a borra do café.Espera o sino bater, bater nove vezes
E senta à igreja, na escadaria.
Tira do bolso um garfo e enche o estômago de perfumes.
É um velho.
Agora vai descendo a rua.
Balança os braços. Não pensa em nada.
Nem na noite que lhe envolve o corpo.
É um velho. E balança os braços.
Como um títere suspenso.
RODRIGO DELLA SANTINA
Digamos que a vida
foi rigorosa demais
Não encontrava saída
Fechado em conchas
num passado. tantas manchas
esqueceu-se do perdão,
de amigos e do pão
O alimento que perdia
era um passo atrás
a cada dia, nada lembrava
do amor que no mundo havia
A fome e o abandono
o tornaram um miserável
O desprezo é abominável
Mas eis que virá o dia
Já alimentado e são
verá na miséria a Benção
que a vida dá como lição
Vera no amigo um abrigo
Verá na vida um irmão.
Ninguém permanece assim
para sempre, mesmo demente
sempre há quem busque
a devida solução.
Mirze Souza
2 comentários:
Belíssimo texto, Rodrigo, uma descrição poética intensa, bem estruturada.
A experiencia da vida nos da a liberdade de sermos dispersos, porem vividos!!!! Bom texto!
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