DECLARAÇÃO À MEU PAI Óbvio, puramente óbvio óbvio como as pupilas habitam os olhos ou como os dedos são hospedes das mãos óbvio que gostaria de falar contigo num abrir e fechar de portas mesmo sem te encontrar de fato óbvio que te procuro imensamente neste corredor discursivo, a vida por onde desfilam todas as coisas onde tudo gira tão alegremente neste carrossel de fatos constantes mas que um dia desafiarão o existir pai, aqui quero te reencontrar Simples, extremamente simples um querer que ultrapassa o tempo onde vida e morte são um mero detalhe uma saudade apertada contra o peito de um abraço sincero e do calor de suas mãos...macias simples assim, esse amor infinito de doer que cala a fala que emudece a boca que transpassa o sentidos onde tudo o que era luz escuro se torna onde tudo em que era brilho escureceu feito noite sem lua nessa terra de ninguém onde você importa quando dois braços fortes te enlaçam com ternura pai, sigo sempre a sua procura Dor, imensamente dor doía um sono em teus olhos dessa dor que em nós é viagem eu estava tão distante de ti no tudo que nos habita num tumultuado dia comum o tudo me quedou extravagante o sol que insistia em habitar a pele mais que num dia comum quando a água já não sacia a sede e o correr das horas nos carrega nos braços de uma eternidade fria neste dia quis te dizer algo um detalhe apenas, tão ínfimo mas que não disse, nem deu tempo disso que na despedida é oculto em separar o que pensamos sem fim. Amor, só esse sentir me restou do triste adeus de tua partida em meus olhos marejados sem sequer a despedida no despedaçar lento em meu peito ancorado tu eras meu porto seguro, eu tua princesa encantada que numa redoma de vidro guardavas com zelo amor, sim, amor, era o que sentias ao fazê-lo, bem sei para manter-me junto a ti, meu rei filha amada até o fim de teus dias agora jaz a perda na saudade ingrata que inda teima em latejar, ferida entreaberta tu eras meu precioso tesouro e eu não sabia o que tua ausência resgata em mim enquanto de mim mesma me perdia e me reequilíbrio na corda bamba na vida da qual me resguardavas por amar demais |
Pai - Fabio Jr.
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