O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Diálogo Poético : Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz





GUEIXA

Eu queria ser uma gueixa
...deixa...
Seduzir-te com minha sutileza
Aos teus pés seria rainha
Fazendo-te crer meu senhor

Em teu corpo doces delícias
de mãos feitas para o amor
te perdendo em carícias
te sentirias senhor

Na verdade, quando visses,
de mim tu dependerias
e serias capaz de tudo
Meu escravo tu serias

E nessa inversão de papéis
a regra se quebraria
de que a mulher foi feita
para ao homem dar serventia

Deixar-se vestir de gueixa
para ao homem iludir
e cumprir com seu propósito
de como mulher existir


Ianê Mello

(Postagem Original :http://labirintosdaalma.blogspot.com/2010/02/gueixa.html)



Se tu uma Gueixa, pudesses ser
Seduzirme-ias, tu o sabes, é bom de ver
Com a tua pose tão altiva de raínha
E eu não seria teu senhor, seria teu servo
Que apenas poderia, seduzir-te com o seu verbo
Para que de fato, assim, tu fosses sempre minha

Se assim fosse, seria bom sentir essas delícias
Fruto da arte que aprendeste…tuas carícias
Com tuas mãos que foram feitas para o amor
E nos arroubos que meu corpo sentiria
Ficaria teu servo, quem diria !
Pois antes quero ser teu escravo, que teu senhor

E nesse doce engano de Gueixa linda
Tu terias todo o poder e a graça infinda
E toda o encanto, que tu tens para iludir
E assim todas as regras quebrarias
Para me poder enganar com fantasias
Com teu propósito de como mulher… sempre existir…


JVC

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Diálogo Poético : Carmen S. Presotto e Ianê Mello





COMO UM SONHO


No silêncio
luz e sombras
se encontram
feito golfinhos brincam de solidão
dormem até
o outro não acordar.

Nessas telas absurdas,
um encantamento
entre fantasmas prolifera.

Sujeitos metidos!

Cantam como se todo sonho
que importassem
fosse canção.



Carmen Silvia Presotto – Vidráguas


A fotografia é Vadim Stein!





AVE PALAVRA!

Escuro e claro
duas faces
entremeadas de sombras

...

Vozes e silêncios
que falam
que calam

...

palavras que emudecem

sombras dissipadas

luz que rebrilha

em verbo

Ianê Mello


Crédito de Imagem: Fotografia de Vivian Maier


Diálogo Poético: Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz




A BELEZA DA VIDA


A paz que habita em nós
doces notas harmônicas
equilíbrio das mãos

no corpo a coragem
o vigor da luta

no rosto um sorriso
comunhão de sentires

corações pulsantes
em uníssono

ser humano é
tão somente
esse olhar afetuoso
sobre o mundo pousar

ver a vida a sorrir
no sol por entre as nuvens


Ianê Mello

*



*
Crédito de Imagem: Fotografia de Abril Brime


Querida Ianê, são tão lindos e profundos os seus poemas que não posso deixar de entrar em diálogo:



A Paz que dimana do poema, essa imagem
Traz ao nosso pensamento um doce querer
E também nos transmite a vontade e a coragem
Para aos outros proporcionar um bom-viver

Mas para essa linda obra construir
que se destina a fazer o outro ser crescer
É preciso sonhar sem transigir e exigir
que a humanidade seja dona do seu ser

Pois se até os nossos bons vizinhos
são tão importantes para nós
não podemos dispensar os seus carinhos
nem a ternura que é a expressão da sua voz

Pois se nós dependemos da semente
que nos traz a ternura da amizade
vamos todos cultivar eternamente
esse amor que só traz felicidade...


JVC –FB - 2012-02-26

Dialogo Poético : Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz




ALVORECER

O dia amanhece
o sol doura o céu
azul anil
num leve planar
somos pássaros
a voar...

pássaros livres
voando no céu...

abaixo de nós
o chão de pedras

o leito do rio convida
com suas mansas águas
a um suave mergulho

Ianê Mello, inspirado na música Lama Khen.


Poema lindo, com toda a sensibilidade da nossa Amiga Ianê:
Mais um diálogo:



Aqui, o nevoeiro apareceu
e só depois o sol então raiou
porque o clarão da aurora cedeu
ao dia de sol que enfim chegou

E sua luz é tão forte afinal
Que a todos enche de alegria
E por todo o lado se ouve disso o sinal:
Num : -Bom dia...bom dia...bom dia...!

E neste nosso lindo alvorecer
seria bom haver paz e caridade
e também se pudesse acontecer
ver corações cheios de bondade

Que este dia seja por Deus abençoado
mostrando-nos toda a sua grandeza
E que a todos meus Amigos seja dado
Viver sempre com alegria e na paz da natureza

JVC – FB – 2010

Diálogo Poético: Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz



PALAVRA VIVA


as palavras se perdem
...solitárias
sem ao menos serem lidas
o tempo corre...
o tempo morre...
...ninguém tem tempo

...

páginas viradas
emoções não contempladas
em branco passam...
o poeta sente
a solidão
da noite mal dormida
da expressão vã
de um sentir
sem ressonância

...

mas as palavras
teimosas em se expressar
voltam e pedem
para ganhar força
no branco papel
e o poeta-instrumento
sai de si e se debruça
e se rende ao seu encanto

...

ao menos poderia
o olhar que aqui pousa
ler essas poucas linhas
e dar-lhes a vida
de um sentir
compartilhado

...

poderia?


Ianê Mello



(http://labirintosdaalma.blogspot.com/2011/10/palavra-viva.html?showComment=1330191098995#c1389018255540688568)



Com a palavra, tudo começou
Pois a ela, Deus o verbo chamou
Com ela transmitiu sua doutrina
Conjunto de princípios que a religião ensina
Com ela nasceu a poesia, que no seu jeito
Indelével deixou marcas no meu peito
E com sua força e muita emoção
Se foi introduzindo em meu coração
Por vezes forte, por vezes carinhosa
Com ela, se foi formando também a prosa
Deixa-nos ternura, deixa-nos cicatrizes
Umas vezes calmos, outras infelizes
Marca-nos rumos, nossa vida lavra
Por tudo isso te amo: - Oh ! PALAVRA


JVC – FB - 2012-01-28

Diálogo Poético: Ianê Mello e Leila Onofre


DELIRANTE DESEJO


te quero
te espero
te espreito
no escuro do quarto
no aconchego da cama
te busco
tateio no escuro
te pego
te toco
te mordo o pescoço
te lambo a nuca
te sussurro no ouvido
palavras nuas
palavras cruas
palavras suas
te aperto
te cheiro
te prendo em meus braços
te enlaço em minhas pernas
te quero agora
sem demora
vem, meu amor
com calma
com alma
me toma...
...


sem pressa.



Ianê Mello

(http://labirintosdaalma.blogspot.com/2011/11/delirante-desejo.html#links)


Manhã de Domingo
Rolo da cama do silêncio,
da noite sôfrega, acordo.
O ar é raro, o som é leve.
O café perfuma meu quarto,
a torrada estala quentinha.
Seu beijo de boca cafezada
melada de geleia- me seduz.
Rolo na cama pasmada,
perdida nos seus beijos.
Ah, adoro os Domingos!
O cheiro da cama sedosa,
os cachorros alegres- brincam.
Você na sua generosidade
dando amor e mais amor.
Tonteio-me de carinhos.
A chuva de banho quente,
nossos corpos espumados
por aromas inexplicáveis.
Deslizam... Sorriem...
Nessa paz de Domingo.
Não quero sair, hoje.


Leila Onofre

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

P O E T I C A R I A- Ensaio das Palavras: Espelho, espelho meu...

Gostei da análise e da sua profundidade. Não é fácil chegar a uma conclusão, tantos parâmetros haveria que por em equação. Uma coisa é certa, não podemos mudar o percurso traçado pela natureza e de que o nosso corpo é espelho. Assim há que aceitar, mas não descurar o nosso aspeto físico e não ligar demasiado às rugas, pois elas tanto podem ser marcadas por alegrias, como por tristezas e são sinal daquilo que vivemos e de coisas de que muitos não tiveram, nem têm a dita de passar. Porque a vida é isso mesmo, alegria, tristeza, emoção, desejo, satisfação e insatisfação e porque a não podemos mudar, convivamos com ela o melhor possível e aceitando-a positivamente.P O E T I C A R I A- Ensaio das Palavras: Espelho, espelho meu...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Diálogo Poético: Carmen Silvia Presotto, Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz




TELAS


No silêncio,
as sombras se arquitetam…

entre tempos,
elas conVersam

suam
brindam o entardecer

e quando chega a lua
disfarçam-se de noite…

ah, Sócrates que tempo é este
onde Cavernas espelham nós mesmos
- Carnaval?


Carmen Silvia Presotto.



* Fotografia de Pavel  Mirchuk



sem fantasia
abro-me em versos


desmascaro-me
num sorriso
a dançar nos lábios


perco a vergonha


me deixo
exposta
nua
pura
simples


descarnavalizo sentires
em purpurinas ao vento


no brilho que de dentro
me toma
e por si só
me ilumina.


Ianê Mello


* Fotografia de Pavel  Mirchuk


Carnaval da vida
tanta fantasia
anda escondida
em sentires perdida
e tanta agonia

Mas nessa euforia
há silêncio e sombras
que com túrgida alegria
e a dor em sintonia
se espalha em alfombras

E quando chega a Lua
o disfarce acontece
na realidade crua
na tristeza nua
que a noite arrefece

Então, neste carnaval do sentir
Desmascáro-me num sorriso
Afasto a vergonha
Que em que meu corpo sonha
e perco o juízo

Depois…abro-me em versos
E no dançar dos lábios
Canto, amo, me exponho
no mais lindo sonho
aos prazeres mais sábios…


Joaquim Valle Cruz 

Diálogo Poético: Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz




RELUZIR


Palavras que alumiam
como sóis
a escuridão da noite
Clareando sentimentos
pelo tempo embotados
Iluminando a escura estrada
como faróis
Revelando em si
segredos camuflados
em sótãos escuros da mente
Amores guardados
trancados na dor da perdaKush
Catarse da alma
que remedeia as feridas
restaurando a calma



Ianê Mello



Quando as palavras reluzem
E nos enchem de emoção
Com a luz que elas produzem
Vai-se embora a escuridão

Clareiam-se os sentimentos
Que o tempo embotou
Renascem novos momentos
E a estrada clara, ficou

No sótão escuro da mente
Se vai abrindo a semente
Dos segredos camuflados

Dá-se a catarse da alma
Restaura-se a nossa calma
Libertam-se amores trancados…


Joaquim Vale Cruz





*Pintura de Wladimir Kush

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Diálogo Poético: Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz

   
ENCONTRO CASUAL

- Olá, tudo bem?
- Você vem sempre aqui?

Um encontro casual
Uma atração que impulsiona os corpos
O que se diz não importa
A intenção é aproximar-se de alguma forma
Não perder a oportunidade de não ficar só
E então, rola um beijo, um abraço
À princípio um pouco tímido
e pouco a pouco esquentando
A língua mais invasiva
A mão mais atrevida
No corpo o brotar do desejo
Sensação boa de sentir-se vivo
O prazer sobe à cabeça
Perde-se a razão frente ao tesão
Não importa mais quem é aquele(a) desconhecido(a)
Só o prazer importa e fala mais alto o desejo
Pra que esperar mais?

- Podemos sair um pouco daqui? Ir para um lugar mais tranquilo?
- Porque não?

E dois estranhos se vão, se deixam levar
A noite vai ser boa
É o que promete a casualidade
Um alento para a solidão
O tempo dura um instante
Talvez numa curta reflexão
Dele...dela?
Mais provável lque dela
Mas ela a faz calar com um suspiro
Aquieta a culpa
Diz para si mesma: sou adulta
Chegam ao motel de destino
Abraçam-se freneticamente
Beijam-se, lambem-se, tocam-se
O calor a subir pelas entranhas
O desejo a gritar
Jogam as roupas pelo chão
Mal se olham
Será para evitar uma sensação de estranheza?
Se atiram na cama e as carícias cada vez mais quentes
As mãos cada vez mais audazes
Os corpos suados, enxarcados de desejo
Ela sente ele a penetrá-la com força
Meio que displicentemente
Nem todo homem se preocupa com essas coisas...
De repente, ela tem uma estranha sensação
Falta algo e essa incompletude é tudo
Fica indiferente e torce pra que tudo acabe rápido
Pronto... ele se satisfaz e nem repara que ela finge
um gozo que gostaria de realmente sentir
Ele se levanta e ela escuta a água do chuveiro
Ela contem uma lágrima que teima em querer escorrer
Espera ele voltar e se levanta devagar
Abre a torneira e deixa a água escorrer pelo seu corpo
lavando-lhe a alma e misturando-se as lágrimas
que teimam em rolar-lhe pela face
A sensação d evazio lhe preenche
Tudo o que quer é ir para casa
ficar em paz com sua solidão


Ianê Mello


Querida Ianê, depois de ler mais um extraordinário poema seu, mais um diálogo:



Amor de ocasião
Semeia desilusão
E é um completo engano.
Aparece o desejo
Uma relação sem pejo
E logo se fecha o pano

O tesão é já tanto
E o momento um encanto
Só não houve cuidado
De ver o que se sentia
Se era só simpatia
Ou só resta o pecado

Houve amassos, houve ais
E outras coisas tais
Que sucedem enfim
E nesta ocasião
A que faz o ladrão
O ganho foi mirim

O gozo começou
Mas pronto acabou
Sem sombra de paixão
É a vida banal
Que no seu lado animal
Só traz desilusão

E nestes momentos
Sem quaisquer sentimentos
Porque só havia tesão
Mas o amor não havia
E era só simpatia…
Só restou…decepção…


Joaquim Vale Cruz

Diálogo Poético : Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz



O HOMEM QUE AMO


o homem que amo
já está ao meu lado
não preciso mais esperar
ele é forte e puro
coração todo amor
em seus braços
me protege
me embala em doce sono
sonho acordada
nos braços
do homem que amo
ele me olha e sorri
em nossa sintonia
compreendemos o sentir
sem palavras...
juntos nosso lar
construímos
tijolo por tijolo
suor e lágrimas
amor e sorrisos
com argamassa
firme e seguro
não, não preciso esperar
nem domingo, nem segunda
o homem que eu amo chegar
...


Ianê Mello


Ora cá estamos nós em diálogo após ler o lindo poema da minha Querida Ianê, pelo qual a felicito:


A mulher que eu amo, sempre está a meu lado
Ela é doce, ela é terna, e p’ra mim tem valor
E quando dela preciso, como o ser mais amado
Ela é meu poema e a expressão desse amor

Quando com todo o carinho, a tomo em meus braços
Só me pede que a embale em seus sonhos, em seu sono
E ao sentir-se envolvida no mais terno dos laços
Ela fica em descanso, no mais doce abandono

E ao sonhar acordada quando está junto a mim
Qual flor perfumada do mais lindo jardim
Ela fica calada e não precisa falar

E assim construímos o edifício do amor
Com lágrimas e sorrisos e momentos de dor
Em nosso doce enleio… e nesta forma de amar



Joaquim Vale Cruz






domingo, 12 de fevereiro de 2012

Diálogo Poético: Ricardo Daiha, Ianê Mello, Erika Foresti, Enice de Faria, Joaquim Vale Cruz




** MÊDO **


Mêdo de te olhar nos olhos,
De sorrir teu riso,
De iluminar teu brilho,
Nua;


Mêdo imenso,
Intenso e paralisante,
De ousar expor minh'alma,
À tua.


- Ricardo Daiha –

Medo de ver em seus olhos
o meu amor refletido


Medo de me perder
nesse amor que é infinito


Medo de me entregar
e nesse olhar me perder


Medo de encontrar
em seus olhos meu viver.


-Ianê Mello-



Ao sentir tua alma
Junto da minha
Saberia


Saberia da dor
Da alegria
Ou do amor


Não mais poderia
Sem saber teu ser
Teu riso, teu som
Me perder.


-Erika Foresti-




Não quero olhar nos teus olhos
Tenho medo em revelar
meus segredos
porque quando me revelo,
me torno vulnerável
ao teu desejo (que são meus)

-Enice de Faria-




Tenho medo de ti,
Não propriamente
mas será timidez..., tão simplesmente
de não merecer o teu amor…


Teus olhos são para mim como faróis
Que me cegam como se fossem mil sois
E nesta dúvida de não te merecer
Fico nesta espera, nesta dor, neste sofrer


E no teu riso, no teu sorriso, ando perdido
Como em noite sem luar de plena Lua
E a timidez, ainda me põe mais contido
Quando imagino o teu corpo, estando nua 
 



Por tudo isto meu amor eu fico tenso
Neste querer, nesta paixão que se avizinha
E sinto dentro de mim um medo intenso
De que tua alma não se importe com a minha…



Joaquim Vale Cruz

Diálogo Poético: Ricardo Daiha, Andre Melgaço, Erika Foresti, Paula Amaro, Edson Felizardo, Ianê Mello, Enice de Faria,Wilson Caritta




* NADA *

L e r,
SEM
T e r
LIDO;

V e r,
SEM
T e r
VISTO;

S e r,
SEM
T e r
SIDO;

T e r,
SEM
T e r
TIDO;

Nada.


-Ricardo Daiha-

MEDO


Quantas palavras escondidas
Nos volumes que não lemos
E portanto, não sabemos...
Imaginamos;
Quantas imagens não percebidas
Porque não atentamos aos detalhes
De esculturas simples entalhes...
Imaginamos;
Quantas vidas poderiamos ter,
Quantos desempenhos perdidos
Quantos atores teríamos sido...
Imaginamos;
Quantas paixões fogosas,
Quantas sinas amorosas
As perdidas quimeras ardorosas,
Imaginamos;

Elas existiram, existem,
E nós continuaremos,
Nesse inexplicável nada.
Pense!


- Andre Melgaço


O BICHO NADA


Que bicho tosco
É o Nada
que desfolha
toda a primavera

O nada assola
a varanda da casa
Atola a verde esperança
empunha uma lança
E dança

Na valsa da vida
embrulha a partida
mascara a ferida
E no fim, de novo
É nada!

Minha criança tem medo desse bicho.!
Que nada!...


-Erika Foresti-


Se do Nada venho e p'ro Nada caminho,
Não existo, não sou nada!
Penso que vejo e não vejo;
Julgo sentir e não sinto,-
e quando falo verdade, minto.
Que ser e não ser é este que não é?
De quem é esta vida que não tenho,
se quando penso que vou é quando venho?
De quem é este rosto que "conheço"
e o som das palavras em que tropeço
dia a dia, que não são, que nunca foram?
Onde estão o meu passado, o meu futuro,
e este estar e não ser, separados por um muro
onde vivem, nessa casa que não moram?
E se o nada não existe,
se as palavras são apenas sensações articuladas,
onde está a voz se a não sentiste?
Onde está a vida alegre deste mundo triste?


-Paula Amaro-


Adan voltando ao início
desde o fim
ao antes de tudo
haver assim
Ao aquém do princípio
Adan chegou enfim
a si mesmo no espelho:
Nada, e outra vez Adan


-Edson Felizardo-


O bicho Nada
anda ou nada?
se esparrama ...
voa na escuridão
até da alma
Vá embora,
bicho Nada!
Deixe-me
os sonhos, a calma
O Tudo te chama

... e sai de baixo da minha cama !


-Ricardo Daiha-


O NADA


E eu tenho medo
desse estranho bicho
que de mim se acerca
e logo se encosta
como quem não quer nada
e me deixa meio tonta
me tira do foco

Ele vem e ele vai
nesse jeito sem dono
e faz o que quer
me tira o sono
num quê de mistério
e num abandono
simplesmente me deixa

Se enrosca
me enlaça
me tira do sério
depois se afasta
e foge pra longe
deixando em mim
a eterna espera
a saudade de tudo
nesse nada que resta.


-Ianê Mello-


Este bicho nada
medonho, voraz
fez descer a noite
escondendo o sol
apagou as cores
da primavera
desfolhou as rosas
do meu jardim
sua silhueta
na janela
afugenta o sono
e amedrontada
muito assustada
acendo o abajur
porque o bicho nada
não suporta luz!


-Enice de Faria-


E do Nada fez-se o Tudo, ... e fez-se Tudo onde era o Nada !


- Ricardo Daiha -





Tudo sobre como resistir
nada para esconder
até contar porque
não vai existir
um outro dia
com as mesmas ondas
sensações conturbadas
um jeito secreto
pedir o beijo
partilhar o desejo...


-Wilson Caritta-


*

Crédito de Imagem: Pintura de Olivia Charmaine

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Diálogo Poético: Ianê Mello e Wilson Caritta






TEIA DA VIDA



A vida assim escorria
entre os dedos,
entre as mãos
e dela nada retia
na retina do olhar
que se perdia
em anoiteceres
de angústia e solidão
O tempo enredado
como teias
que se entrelaçam
num estranho balé
e eu prisioneira
presa certeira
enrodilhada em mim mesma
em meus próprios erros



Ianê Mello




PÁRIA




movia a caneta
entre os dedos,
trazia o tempo
e a poeira das ruas
perdia vida
por metro quadrado
de cada passo
pesado e cansado
andando ...
de encontro a sorte
movia a caneta atrás da morte...


Wilson Caritta.


*

Crédito de Imagem: Pintura de Susan Seddon Boulet

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Diálogo Poético : Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz




Revirando o baú de poemas...

Ao Som de um Tango

A beleza em movimento sensuais,
cadenciados e pela paixão movidos
Dança que inebria os sentidos
provocando desejos contidos
por vezes nunca descobertos
E nesse enlaçamento de dois,
dois corpos num único corpo
pela música unificados e harmônicos
Sentidos aguçados e alma exposta
Rodopios e passos que preenchem
todo o salão ao redor
sob os olhares curiosos,
curiosos e extasiados de prazer
Cada qual ali sentado está a bailar
Cada qual em cada passo,
em cada rodopio...
A bailar em seus corações
que em emoções se perdem,
em lembranças que rememoram,
de antigos sonhos e paixões
Corações que amam
Corações que sonham amar
Um dia, novamente, quem sabe
apaixonar-se ao som de um tango.



Ianê Mello

(http://labirintosdaalma.blogspot.com/2009/12/ao-som-de-um-tango.html)
 
Cena do filme " Perfume de Mulher"
Tango: Astor Piazzolla " por Una Cabeza"




Lindo poema , querida Ianê.
Aqui há tempo, também o tango me suscitou este poema:



Ai o tango
Dança sensual
Em que o roçar dos corpos
Em passos rápidos
Lentos e lépidos
Suscita beijos sápidos
Quentes ou tépidos
Desfia a música
Em que o par se isola
Marcando o compasso
De Piazzola

Ai o tango
Em que me confundo
E com ela
Sonho
Um sonho profundo
Em que estamos sós
Bailando no Mundo

Ai o tango
Que eu quero dançar
Até meu final
A rodopiar
Sempre sem temor
De forma tão leve
Em compasso breve
Sentindo o odor
De uma qualquer flor
Nos braços do amor
Nesta vida breve…


Joaquim Vale Cruz

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Diálogo Poético: José Alberto Sá e Ianê Mello




Não faz mal...


Dizias-me...
Tantas vontades tuas
Parecias-me...
Em tantas vaidades nuas
Falavas-me da luz solar
Falavas-me do teu luar
Parecias ressuscitar
Parecias o meu cantar

...

Pensei ser verdade
Dizias que tudo era eu
Dizias que nada mais existia
Parecias a luz do céu
Parecias um anjo, assim eu sentia
Pensei que te tinha
Dizias ser eu, o teu perfume
Dizias ser o teu amor
Parecias a voz do meu queixume
Parecias uma linda flor

...

Pensei que eras minha
Dizias ser a felicidade
Dizias que me davas teu coração
Parecias a mão da bondade
Parecias a minha paixão
Pensei... E afinal...
Não passou daí
Palavras que dizias no meu areal
Desabafos teus que eu li
Parecias, somente parecias
Não faz mal...


José Alberto Sá



No amor renascida


Ah, se eu pudesse
voaria ao infinito
com minhas asas de seda!


Ah,se eu pudesse
descortinava os medos
e no abismo me lançava!


Ah, se eu pudesse
ao amor me renderia
e dentro dele seria um nada!


Ah, se eu pudesse
me enlaçaria em braços,
me perderia em abraços,
me perfumaria em rosas,
alecrim e cravo!


Ah, se eu pudesse
seria doce como mel
sedosamente floresceria
no jardim encantado
e no amor me reencontraria!


Ah, se eu pudesse...
em teu amor renasceria!



Ianê Mello


*

Crédito de Imagem : Pintura de Charmaine Olivia
 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Diálogo Poético - Ianê Mello e Andrea Lizarb


NÃO DEMORA... VEM!



Eu ainda te espero chegar...
vai demorar???
o amor não sabe esperar...
o amor é urgente
ele chama, ele clama
ele grita por você
não me deixe só...
solidão deixa feridas
que não cicatrizam mais
nem mesmo o tempo
nem mesmo a distância
nada importa
nada me impede
de tê-lo comigo
sempre
dentro de mim.





Ianê Mello



(Inspirado na música O amor não sabe esperar - Hebert Vianna) 





SEM HORA



Venha que te quero o tempo todo 
Por segundos, por minutos
Assim por mim trocada em miúdos
Venha 

Eu te quero aos poucos
Sem relógio no compasso 
Em tresvario, clamo devasso
E rouco

Venha agora, sem demora
Eu te quero nove tempos fora
Dias, semanas, meses afora
Agora
Quem sabe compensa o tempo
Das eras ante tempo tão severas
Que não contava os segundos 
Nem quimeras

A espera é eternidade
Venha safada ou senhora
Cause toda amenidade
Que melhora

O ponteiro já ecoa a badalada
Paixão que é paixão 
Não se atende com hora
Marcada... 



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

DIVA


Para minha mais querida amiga, Ianê Mello, com todas as graças, bênçãos, agradecimento e reconhecimento, Ricardo José Daiha Vieira





* DIVA *


Ela não tenta: faz 
Ela não recua: ousa
Ela não foge: luta
Ela não parece: é 
Ela não esmorece: vence
Ela não é indiferente: sente


Ela é romântica
Ela é incansável
Ela é sensível
Ela é musical
Ela é criativa
Ela é vida




Enfim, ela é tudo que a vida tem de belo
Simplesmente Diva
Ela é Ianê Mello.


- Ricardo Daiha -



... um felicíssimo e abençoado Natal, a você, Ianê, sua família, e a todos os seus queridos!
Beijos, na alma e no coração; seu amigo Rick.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Saudade, saudade...



Saudades da minha casa,
Saudades do meu Amor;
Do gosto das acerolas,
Do charme do beija-flor...

Saudades do meu sossego;
Dos livros na minha estante;
Das horas de verso e prosa,
Das páginas marulhantes.

Saudades do meu café,
Da varanda onde me sento,
Do canto das avezinhas
E do cavalgar do tempo...

Saudades até da chuva
E do vento que lá há;
Pois aqui o vento não venta
Como venta o vento lá.

Ah saudades!...

Saudades da minha casa,
Saudades do meu Amor!
Do gosto das acerolas,
Do charme do beija-flor!

RODRIGO DELLA SANTINA
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