O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




domingo, 21 de agosto de 2011

DOMINGO DE POESIA (21.08.11) - Literatura de Cordel - Facebook -Vozes em Madrigal


DOMINGO DE POESIA- Literatura de Cordel

Origem - O que é

A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.

Chegada ao Brasil

A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.

De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, bde heroísmo, milagres, morte de perigas, milagres, vida dos cangaceiros, atos, personalidades etc



   
   
  




Seu Antônio, de Assaré

Ô seu Antônio cum licença
venho pedí um favó
escreva aí nos papé
isso que vou lhe cuntá
Quando eu vinha na istrada em cima du jumento
Vi um lindo casamento
mas tinha ua coisa instranha
o noivo tinha quatro oio
e a noiva sete dedo
intão eu pedí em penitência
que o santô me desse uma bençá
de um oio do noivo lhe doá
pois num é que o santo disse
que eu prosseguice que um óio num ia dá
ôh santô már.

Giselle Serejo



Moça-minina

Eu sou mossa minina
uma jumenta de sina
meu pai dizia assí
oia minina tu toma cuidardo cuns dotÔ
eles adorá cumé muié dus otro
eu dizia:-carma pái eu só virge
nunca vó dexar eles mi tocá
hum..rosnava o pai da virgi
dá brexa pra tu vé
cão vai rosná.

Giselle-doida


RABO DE SAIA


Ô minha gente muita calma
que eu sô homi di bem
num vim aqui pra brigá
mas só pra ajudá
o meu cumpadi Firmino
qui deu di si ingraçá
com a moça Maricota
moça bunita e prendada
mas inda uma minina
qui só trabaio vai dá
ele arrastando asa
já qué logo si amarrá
num podi ver rabo de saia
de mocinha jeitosinha
vamo divagá com andô
que sinão num vai prestá
e meu cumpadi vai na certa
arrumá sarna pra si coçá.

Ianê Mello




TÁ FICANO BÃO

Maricota e Zé Firmino
tem muito pra contá
Desde bem 
pequetetinos
já aprontavamm
Sem pará
Ela que ensiná
Ele a fazer
renda, 
E ele quer
gostá de 
Cajuzinho
Maracujá
e tirá
do bom caminho
a pobri Maricotá
Mas eu ca
nos pé 
de Goiabeira,
Co' ma viola
e vontá de 
Proseá, falo
o que pensá na minha
Cachola.
Zé Firmino
e Maricota
me mo
sendo
filhos do Demô
já chamaro a
parentada
pro casório
A lua de mer , hihihi
Sinhá das fofoca
vai contá....

Eduardo Minc



-Alcinda vai-te vestir
vai ter comigo ao barbeiro
e ódespois de estares vestida
vamos os dois dar um passeio
-Garoto, praonde me levas
isto aqui num é caminho...
- Vamos os dois por i abaixo
e vamos ter ao Areiinho
Às duas horas da noute
a probe mãe nas vielas
a preguntar às cumpanheiras
se tinham visto os sinais dela
Alcinda por i abaixo
co rapaz que a enganou.
- A minha Alcinda foi-se embora
foi-se embora e não voltou.
Ó gente que isto ouvis
tomai conta e pensai bem
Que a Alcinda foi-se embora
Sem dizer à sua mãe

Antonio Manuel Castanheira


 

LAMPIÃO

Sou fruto do Nordeste,
Caboclo sonhador.
De dia planto no agreste,
Durante a noite sou contador.
Sou filho do sertão,
Cangaceiro do meu Criador.

Muitos me chamam de Lampião,
Pensam até que sabem quem sou.
Fui mestre da espingarda,
Não tenho medo não senhor.
Maria Bonita me acompanha,
Mulher de Virgulino, o protetor e guardião.

Carregando o meu destino,
Percorro o mundo agora.
Levo comigo lembranças, da cumade Nora.
Mulher santa. Parecia Nossa Senhora!
Cozinheira de mão cheia,
Me fartava e lambuzava, achava até que era menino.

Jana Valentina



O CAIPIRA E A GALINHA

Vige Santa, nossa Senhora!
Que foi aquilo que avistei lá longe?
Não sei nem donde vem e se tô vendo mesmo.
Já tinha visto antonte e tô vendo agora,
Parce mei que um trem ou mei que bonde?
Coisa mais doida, sô! Aparece assim a esmo.

Tenho trabaiado de mais da conta,
Todo dia uma lida cansadeira,
Toda noite lá em casa a muié diz que qué.
Acho inté que minhas vista ta tonta,
Ou tô insagerano nas saideira!
Vô pra bera do rio descansá. Inté...

Agora que já to sarado das cansera,
Vou lá pra vê se vejo aquilo de novo.
Sabe deus se inda ta lá!
Já curei das bebedera.
Oiando bem de pertinho é galinha pondo ovo
Mardita pinga danada, donde que eu vô chegá.

Jana Valentina







Um comentário:

Marcelino disse...

Aqui em São Luís do Maranhão, é tradicional a publicação, durante a semana santa, de um cordel entitulado "Testamento de Judas", geralmente o autor é o poeta e compositor César Teixeira. No texto são desancadas as figuras públicas que se notabilizaram por feitos ou fatos nada edificantes ou por omissão de responsabilidade. Trata-se de um texto muito divertido e bem elaborado.

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