DONA CORA
Senhora humilde e poderosa
Com sua simplicidade sem forma
Possuidora da mais alta riqueza
Riqueza essa, de espírito
Linda goyana
Sonhadora
Soberana
Escritora
Menina doce
Doce de mamão
Filha de Jacinta Brandão
Doceira de profissão
Foi poetisa esplendorosa
‘A Rosa’
Do jardim Bela Vista
Até a cidade de Goiânia
Era conhecida como Aninha da Terra
Moça risonha, generosa
Mulher do Povo
Linguaruda e repleta de prosa.
Jana Valentina
CORA CORAL
Cora coral
varal de roupas
vento de maio
ratatá de alpargatas
acordaram Cora
que estava no tacho
corando marmelos
Cora coral
maninho na guerra
Paraguai logo ali
ratatá de fusos
novelos de Cora
que estava na sala
tecendo poemas
Cora coral
tempo de chuva
vento no pasto
ratatá de pingos
a rua adivinha
o café de Cora
adoçando visitas
Cora coral
cadernos de letras
juntas miudinhas
ratatá de fervuras
na aldeia global
os doces de cora
perfumando tudo
Beto Palaio
A casa velha da ponte
Foi na mesma ponte da velha Aninha
que um dia também atravessei
ponte antiga e feliz
às vezes ficava triste e zangada
emburrava e não deixava ninguem passar
mas...era só as vezes...
A ponte velha, da velha trazia os tachos de doces de Aninha
certa vez, uma escrava por nome Isaura deixou o tacho cair
Ahhh, dona Aninha ficou brava
e mandou a escrava sumir dalí
Aninha, docinha malvada...
pensou a danada da escrava.
Giselle Serejo
Cora, teu nome é doce.
A casa da ponte também foi minha morada nos tempos que eu era velha
quando fiquei criança, andei por outras terras
brilhantes, cansadas.
Hoje, quando me lembro de ti fazedora dos melhores doces
riu de mim
que nada sabia fazer e velha já estava em mim
Coralina, minha filha amada
vai lá fora e vê se vem chuva?
era assim que dizia sua madrasta.
Esquecida num canto Dona aninha ficava observando os senãos.
Aqui no meu fico lembrando do anjo.
Giselle Serejo
CORA MENINA
Cora, Cora, Coralina
por dentro sempre menina
em seu sorriso a candura
em seus atos a bravura
da interiorana mulher
Com suas mãos preparava
os docinhos mais gostosos
e com as mesmas compunha
os versos mais primorosos
Mexendo o doce no tacho
escrevendo em seu caderno
sua grande sabedoria
na simplicidade se revelava
na mulher de doces olhos
que a todos encantava.
Ianê Mello
CORA Coração
Ah, pequenina flor
Perfume de rara beleza
Dos cerrados goianos
Veste a simplicidade
Do viver e do querer
Dentro de nós!
Ydeo Oga
Cora Coralina
Mulher
menina, goiana
alma de poeta, de poesia
soube ser
mesmo na adversidade
mesmo cerceada em tudo
não perdeu a sua essência de mulher
sua sensibilidade
escreveu sobre cotidiano
sobre as suas agruras
com uma integridade
que encanta
menina, mulher
Cora, coragem, Coralina
Enice de Faria
Velho é o mundo
Em sua fremosura
sem posta
ia andando a vida
com leveza
pureza de água da bica
Canções de ninar assobiava
não ligava, como eu, para inquietações efemêras
prosseguia na lida
cantarolando o doce
Às vezes se ficava canto
se isolava brevemente
cheia de gente invisível
curtia sua freguesia
Passava...
E..depois das horas ignotas
dava o doce
enviava tachos cheios de amores
As dores deixava para depois
Cora, Lina, Aninha, nova.
Giselle Serejo
6 comentários:
:)
Obrigada, Andressa,
Bjs.
Esse blog me fez sentir o aroma de flores...
Obrigada.
Volte sempre.
Bjs.
quem nao se emociona com aninha da terra?
eu a amo!
cora coralina é a voz da mulher do rural. sua poesia traz a vida simples das mulheres do campo.
parabens pela postagem.
É verdade, Alina, ela própria era um doce...rs.
Obrigada pela presença e volte sempre.
Bjs.
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