Quanto mais eu quero mais
Grito alto
nunca sucumbem ao nada
eles falam, proferem
se erguem em palavras
Grito superficial
emergido das profundezas
juram tudo
com toda certeza
Grito louco
de puro amor-fatal
dá aos poucos
para o luso-amor-total
Grito falso
do ego-meu
no asfalto
fica estirado, sem tempo e nem hora.Acabado.
Giselle Serejo
Vertigem
Vida assim entregue
tudo é mundo, todo-mundo é tudo
não quero escolha, nem rolha, nem molho, nem colo
nem a corda quero
eu pulo e faço teias
escolho as pedrarias
me enfeitiço nas feitiçarias
ponta-cabeça me liberta
me saltita e me conserva.
Giselle Serejo
Nellie Bly
Vestida de coragem foi desbravar mundos hostis
Empunhou a bandeira da justiça e enfrentou sociedades vis
Mentes vãs calaram-se ante a força de tuas palavras
Perpetuou-se nos corações dos inocentes com a tua bravura indômita
Lapidada pela vida tornou-se Elizabeth Jane Cochran!
Ydeo Oga
Dançam vozes
E jaz um ser
Perfeito equilíbrio
Entre o ser e o estar
Apenas o momento
Descansar um corpo
Ydeo Oga
a natália correia
ah natália em tua alma ousada e vasta
cabiam todas as palavras de todos os poetas
dos trovadores a pessoa sem vergonha alguma
a tua voz camoniana e vicentina forte e declamada
era a mais audaz e cénica atirada certeira para longe
rosto levantado e firme a mão natália de natal
mãe de pátria os teus açores sobrevoando o continente
não te esqueço mátria não te esqueço nas montanhas
maria maria da fonte a mortalha do teu cigarro enboquilhado
ah natália também as horas do suave canto
e da palavra dos amigos no botequim lisboeta
não te condena a saudade incapaz
apresenta-te o poema vivo ah natália
António Manuel Castanheira
Caminho verde em passos ocos
ecoando meus passos andam
sorriem e cantam
são cordilheiras enfileiradas de clorofila
minha alma é também verde
moro aqui
meu espaço é ninho de bromélias, azaléias, ninféias
cercada disso
caminho vivo
Giselle Serejo
Cais
é sempre o cais e uma lágrima
mais que arcoíris, abriga toda cor
todo sentimento do mundo
em apenas uma gota que caiu do céu
em ternura tocou o corpo do cais
em lento desatino
desde então resquícios de pedra
encontraram sua voz
no afago de uma lágrima
Luiza Maciel Nogueira
Quando tenho dez minutos
Escrevo
Escrevo para não explodir
Para espantar ou para dividir
Quem sabe...
Escrevo para entender
O que até agora não entendi
O que não pode ser contado
E agora se espicha em horas e dias
Estou no meu limiar
O que começa agora
É o que não pude ser
Tarso Firace
SEM SOL
além do lá,
do si,
além do dó
da dor de amor,
além do aqui
da solidão,
além de tudo aquilo,
além do além,
além do rio
descendo torto
aos pés dos olhos,
meus olhos
ajoelhados
aos pés
do céu.
Jiz
não cabem em mim
espaços
interrogações
preencho-me em poesia
Cristina Desouza
Saiu assim...
À Revelia...
escorre lágrima azul
no céu anil da noite:
calmaria
brilha gota dourada
no céu rubro do dia:
arrepia
pingo de luz difusa
junta cor e forma
e faz um verso
à revelia
Cristina Desouza
O desejo me chamou
De santa
Não tolerei a ofensa
Dei as costas
O peito
Os lábios
Entre as pernas, incendiei o sol
Agora, ele vive assim
Implorando-Me que o molhe
Inteiro, dentro de mim...
Lou Albergaria
A vida não é justa
A vida é só estreita,
úmida, e
quente
por onde escorrem as horas, e
você, penetra o seu medo de falhar
Não, amor, não posso carregar os seus medos
Estou detida na alfândega
há séculos
por excesso de bagagem
Lou Albergaria
3 comentários:
Me gustan tus letras, bonito juego de palabras, un placer leerte.
feliz fin de semana.
Todos lindos, beijos Lisette.
Obrigada, Ricardo e Lisete pela visita e comentários.
Um abraço.
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