O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

CHORINHO SEM FIM

Pintura de Helena Coelho "Seresta"


(para Chiquinha Gonzaga)

Desperta mocinha flor
Júbilo que lhe confere
Cujo coração transborda
Teu rostinho encantador
Ao piano trinados sabiás
De valsa, baião e licores
Quentes tardes brasileiras
Feitos de coragem e fibra
Composições em dobraduras
Valsa, polcas, marchinhas
Carnaval de lançar perfumes
Com o dedilhar do piano
Chorinhos de não ter fim
Harmoniosamente coletados
No abre alas de sua missão.


Correto mirá-la ao divino
Para a nossa apreciação
Levanta os olhos do piano
Faz do encanto o refúgio
Seu mistério em revelar
Sons de primitivo alcance
Tribos inteiras no maxixe.

Pela vida não passou em silêncio
Sua voz fez ouvir-se em tons e sons,
em cadências ritmadas
por um coração de mulher.
Sensível e emancipada
fez da música o seu grito
de amor e de esperança.

A música é luz dos povos
Cautelosa civilidade exulta
Ao ouvir cantar a cigarra
Ali no pé de ipê amarelo
E o chorar de cantorias
Da casa de Lia e de Rosa
Um piano ao entardecer.

Com seu Forrobodó a elite escandalizou
e nas páginas primeiras dos jornais apareceu
em seu batuque, cateretê e samba,
corta - jaca, na fina sociedade se revela
abalando os costumes mais hipócritas.
Com o peso da idade a sentir
o derradeiro fim se aproximou
e com ele sua luz levou.



Beto Palaio e Ianê Mello




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