Pintura de Helena Coelho "Seresta"
(para Chiquinha Gonzaga)
Júbilo que lhe confere
Cujo coração transborda
Teu rostinho encantador
Ao piano trinados sabiás
De valsa, baião e licores
Quentes tardes brasileiras
Feitos de coragem e fibra
Composições em dobraduras
Valsa, polcas, marchinhas
Carnaval de lançar perfumes
Com o dedilhar do piano
Chorinhos de não ter fim
Harmoniosamente coletados
No abre alas de sua missão.
Correto mirá-la ao divino
Para a nossa apreciação
Levanta os olhos do piano
Faz do encanto o refúgio
Seu mistério em revelar
Sons de primitivo alcance
Tribos inteiras no maxixe.
Pela vida não passou em silêncio
Sua voz fez ouvir-se em tons e sons,
em cadências ritmadas
por um coração de mulher.
Sensível e emancipada
fez da música o seu grito
de amor e de esperança.
A música é luz dos povos
Cautelosa civilidade exulta
Ao ouvir cantar a cigarra
Ali no pé de ipê amarelo
E o chorar de cantorias
Da casa de Lia e de Rosa
Um piano ao entardecer.
Com seu Forrobodó a elite escandalizou
e nas páginas primeiras dos jornais apareceu
em seu batuque, cateretê e samba,
corta - jaca, na fina sociedade se revela
abalando os costumes mais hipócritas.
Com o peso da idade a sentir
o derradeiro fim se aproximou
e com ele sua luz levou.
Beto Palaio e Ianê Mello
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