Nas esquinas do medo
Minhas botas estão amarradas na quina da minha cama
tenho medo nem sei o por quê da minha loucura
sou inumano? não sei...
nasci assim descalço
nunca tive companhia
a não ser das muitas vozes que ouço aqui..
dentro da minha cabeça
elas são pertubantes
mas eu não calo, pinto
exalo jardins em poucas cores
que me restam...
sou eu-desbotado
sem amor, nunca fui amado
mas..o tempo se encrregou de..
fazer isso...tarde foi tarde.
Giselle Serejo
Existo?
Poucos pensamentos me torturam atnto
são levianos vorazes da minha glória
olho em volta e vejo um grande campo de girassóis que nunca se erguem...por que?
será esta a janela peuena que nunca se alarga?
está frio e isso é ruim para meus ossos expostos
ninguém cobre, ninguem fala, nem eu-mesmo
por que reclamo ?
da vida pouco sei...
Giselle Serejo
Os Corvos, à Van Gogh
As vezes penso que o tempo não liga para mim
Sou eu quem o esqueço
tempo sem fim...aguardo ansiosa sua ligação..não toca
olho ao derredor e vejo
tudo alto
objetos que voam
eu-só
muitas coisas sobem em minha cabeça
ouço vozes..muitas vozes..
Giselle Serejo
INVASÃO
Já nem sei quem sou.
Presença se faz forte
dentro da saleta íntima
da minha claustrofóbica imaginação.
Rescende dor de solidão
nas cores palha,
pelo,
tabaco
e tinta de chão.
A eternidade dura o tempo do olor.
jiz
Van Gogh
Em sua loucura
encontro a lucidez da busca
a coragem de quem ousa
ser sem limites,
sem fronteiras.
Gênio ou louco?
Artista único, com certeza.
Humanamente livre...
Alheio aos julgamentos dos sãos
totalmente entregue a sentimentos interiores.
Afinal, tão fina e tênue é a linha que delimita
a sanidade da loucura
quanto é pertubador o que difere do comum
Sua vida viveu de forma única
com simplicidade e entrega
e de seu pranto fez pura arte
que engrandece o espírito de quem a contempla
Em cada obra de rara beleza,
seja radiante em sua luz
ou assustadoramente sombria e escura,
reflete um pouco de si.
Em sua criação se expõe
loucamente apaixonado e íntegro,
nos revelando tesouros escondidos
por uma mente brilhantemente inquieta.
Ianê Mello
noite de estrelas cambaleantes
onde o mundo se perde e tu te agitas insone
torre distorcida da ausência de fé
flores distraídas do vaso
uma moldura repousa à tua espera
e tu pintas as ondulantes searas infinitas
aparentemente furiosas as pinceladas
grossas largas duras do teu temanho
eu vi-te já eu vi-te impressionado e definitivo
vincent voas em alturas extremas
onde só a ébria cor se arrisca
e o sol o sol gira gira loucamente
há uma janela entre nós e o céu
é o teu quadro quase minúsculo
que nos mostra o imenso mundo
António Castanheira
Terraço do Café
Café quentinho
um toque de chocolate
olho a noite
...saboreio....
o café e as estrelas
sentada preguiçosamente
...sorvo...
aroma que inebria,
...embriaga...
estrela cadente
risca céu
em silêncio faço uma prece
e no fundo da xícara
leio minha sorte
...
Enice de Faria
O GRITO AZUL
(para Van Gogh)
A LUA DESMAIA AO SOL
A LUZ NA PINTURA ARDE
TUDO O QUE AMO ARDE
ESTRELAS ARDEM LONGE
ARDE O CÉU GIRANDO
A LUA E O SOL ARDEM
OS CIPRESTES DOEM
AO VENTO DE INVERNO
DÓI EM MIM O VENTO
A MONTANHA DERRETE
O AZUL COBALTO ARDE
TODO UNIVERSO GRITA
QUE VIVO POR ARDER
EM MIM O DOER ALMA
SUSSURRO DE SER SÓ
POSSO OUVIR O VENTO
TREMENDO FOLHAS ALI
E EU ESTOU TÃO SÓ
SENTIMENTO DE VIVER
POR UM UNIVERSO VIVO
QUE NÃO ME DEIXA SÓ
E NUNCA ME PREENCHE
SOLIDÃO QUE SÓ ARDE
GRAMAS CINZAS APÓS
O FIM DE TUDO ENFIM
ESTOU AGORA SOZINHO
COM MEU GRITO AZUL.
BETO PALAIO
4 comentários:
Me emocionei ao ler tanta poesia pura...Vicent..o tempo...não era o seu..e nem o meu...profético, lindo, lindos poemas.Parabéns poetas das estrelas longinguas...
Eu não cultivo palavras...
Prefiro semeá-las feito flores.
Quem sabe te embriaguem
num instante qualquer.
(Sirlei L. Passolongo)
Feliz Domingo e beijos meus! M@ria
É verdade, Gi, lindos poemas.
Beijo grande.
Obrigada pela visita, Maria.
Um bom domingo para você.
Beijos.
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