O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Palavras do Além-Mar

Pintura de Vladimir kush


Em homenagem a todos os queridos amigos que vivem do lado de lá do Atlântico.


Do lado de lá do Atlântico
palavras-poema
num barquinho de papel
doces encantamentos
vindos de além-mar
nos convidam
como o canto da sereia
ao eterno
sonhar.



Ianê Mello



Do lado de cá do Atlântico
Deste Portugal distante
Sente-se o doce encantamento
E o terno sentimento
Que nos vem desse Brasil

Desse Brasil que é um sonho
Com terras e gentes belas
De amizades singelas
Que nos enchem de carinho

E num barco de papel
Eu envio este poema
Que tem como simples tema
O amor e a saudade
Que em noite de luar
De tal forma nos enleia
Como o canto da sereia
Que nos convida a sonhar…


Joaquim Vale Cruz


[Cartas da Travessia]



É tanto tão só, aqui deste lado
do lado de dentro de nós
da parte de dentro, que vive
sonhando o tanto do dia acordado,
a parte inclinada da travessia, onde


Tem na água o sabor da vida
o tudo necessário para que o coração continue
o seu incessante trabalho de viver.
Tem na água
o espelho, o tanto tão só revistado
no espelho irmão,
feitor de página em branco, sonhador
do pássaro do fogo e da verdade, que
depois de enxaguado dos interesses do mundo, e
rosto renovado das universais ordens
do mar, acontece
brancas mãos, átomos e gotas
das cartas do mar rascunho e travessia,


a dança no vento ligeiro
que se eleva um pouco, toca a sua estrela
de cinco, de quatro, de três pontas,
remate dos longes do homem.
O átomo e gota
a dança do ar ligeiro,
o pulso da brisa que se voa e revoa
entre si,
e como se fora um sonho
de rei menino do tamanho do sol,
constroi um rouco apelo às margens, a
cornija atlante
que comprime as águas
apequenadas nas sombras matinais,
que se fundem nas noites tardias
dos nortes humanos.


[…]


Pouso um pouco a cabeça,
no corpo seco do vento ponteiro
do Sul,
ilha do meio do ar, corpo inteiro,
e procuro nas canções da vida,
cansadas de mundo,
o princípio do dia.
Parto à boleia por essa larga avenida,
que desemboca aqui, na casa de grande
de cá e de lá, da praia do mar,
sabor novo do tom breve do dia, carta de marear
e é aí que tudo começa em grande segredo,
essa grande travessia…


Leonardo B.



Gosto de a ver daqui...
Quando o comboio atravessa a ponte..
Sinto que ela me fala...
Que teve saudades minhas e os meus poemas são tão vazios quando não os escrevo aqui...
Ás vezes, esconde-se no manto grosso da chuva e parece triste, abandonada, cinzenta....
Contudo, nunca um abraço foi tão caloroso, tão sentido e tão desejado....
Por mim e pela cidade, a do néctar perfeito - o Vinho do Porto....

Marta


BARCAROLA 


Balança, balanço.
Onda vai, onda vem.
Esquerda, direita
sem decidir-se,
sem pensar,
num exercício aeróbico sem sentido
silencioso como a vida.
Só um rangido de costas rígidas.
Vai e vem.
Como os caranguejos,
os pontos de costura,
um erro de postura,
Um claudicante pensamento
de indecisão lateral.
Vai, vem.
Vou, não vou.
O vento, onde está?


Jane Chiese




4 comentários:

Unknown disse...

Não tenho cadernos.
Tudo o que escrevo,
escrevo nas paredes do meu quarto.
Se é para estar presa,
que seja entre quatro poemas...

¬ Rita Apoena ¬

Bom dia.......Beijos de coração prá coração..........M@ria

Marta Vinhais disse...

Gosto de a ver daqui...
Quando o comboio atravessa a ponte..
Sinto que ela me fala...
Que teve saudades minhas e os meus poemas são tão vazios quando não os escrevo aqui...
Ás vezes, esconde-se no manto grosso da chuva e parece triste, abandonada, cinzenta....´
Contudo, nunca um abraço foi tão caloroso, tão sentido e tão desejado....
Por mim e pela cidade, a do néctar perfeito - o Vinho do Porto....

Beijos e abraços
Marta

Jane C.Z. disse...

BARCAROLA

Balança, balanço.
Onda vai, onda vem.
Esquerda, direita
sem decidir-se,
sem pensar,
num exercício aeróbico sem sentido
silencioso como a vida.
Só um rangido de costas rígidas.
Vai e vem.
Como os caranguejos,
os pontos de costura,
um erro de postura,
Um claudicante pensamento
de indecisão lateral.
Vai, vem.
Vou, não vou.
O vento, onde está?

Marcelino disse...

Belíssimo diálogo, a lusofonia em festa com a presença de Leonardo B aqui neste blog. Maravilha Ianê.

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