O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 3 de março de 2010

Metamorfose

No início a palavra era uma tábua,
escorada num canto só de texto;
amargava dores de reumatismo,
velhava de longo silêncio;
diz que apanhou polissemia,
grávida de três sentidos.
Vieram as febres, dias de agonia...
Morreu de si para ser de muitas.

Os sentidos sobreviveram.
Diz que viraram poesia;
hoje pescam poetas.




                                            Ricardo Fabião




PLURISSIGNIFICAÇÕES
PLURISSIGNIFICANTES

A Ludwig Wittgenstein

Eco de palavras mudas à parede contíngua
Faz escorrer nos escombros destes cinzeis
O que pareceria seja morta a muda língua
No borbulhar de tinta bruta, os mil pinceis

Fazem fluir fácil a textura deste texto ágil
De uns cem mil signos plurissignificantes
Num entorno louco de verborragia frágil
E já nem se diga o que é que fora dantes

Se no rutilar de madrepérola que melíflua
Molda em pedra o cárcere pedregoso chão
E faz com que do espelho na parede eflua
De tais palavras, inda que a menor noção


Francisco de Sousa Vieira Filho





Diálogo Poético - Colaboradores: Ricardo Fabião/ Francisco de Sousa Vieira Filho

6 comentários:

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

Poderia divagar acerca do abismo que há entre significante e significado e que a decodificação e o feedback quase sempre vem truncados; poderia falar da impossibilidade que temos de comunicar [quase tudo] e que a poesia seja o reconhecimento disso com desenvoltura, maturidade e clareza, mas prefiro falar disso na forma apropriada [a poética]. Então aqui vai:

PLURISSIGNIFICAÇÕES
PLURISSIGNIFICANTES

A Ludwig Wittgenstein

Eco de palavras mudas à parede contíngua
Faz escorrer nos escombros destes cinzéis
O que pareceria seja morta a muda língua
No borbulhar de tinta bruta, os mil pincéis

Fazem flua fácil a textura deste texto ágil
De uns cem mil signos plurissignificantes
Num entorno louco de verborragia frágil
E já nem se diga o que é que fora dantes

Se no rutilar de madrepérola que melíflua
Molda em pedra o cárcere pedregoso chão
E faz com que do espelho na parede eflua
De tais palavras, inda que a menor noção


Francisco de Sousa Vieira Filho

Ricardo Fabião disse...

Olá, Francisco...
Gostei muito do seu poema.
Por que não o postou abaixo do meu?

Abraço.
Ricardo.

vieira calado disse...

Ainda não tinha vindo a este espaço onde colabora.

Também gosto.

Beijoca

Ianê Mello disse...

Ricardo e Francisco,

belíssimo diálogo.

Beijo grande.

Ianê Mello disse...

Vieira Calado,

não seja por isso.
Já te mandei um e.mail para que se cadastre e se torne colaborador.

Seja b em vindo.

Um abraço.

Ianê Mello

Ianê Mello disse...

Francisco,

publiquei o seu, tá?
Mas vc pode fazer isso direto quando quiser.

Beijos.

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