NAUFRÁGIO
Ousou amá-la como quem ama sem fronteiras
despindo-se do medo de entregar-se
Ousou amá-la como quem ama sem pressa
içadas as velas em mares profundos navegou
Ousou amá-la mais que tudo e além
abandonando-se ao encanto de pertencer
Ousou amá-la e por amá-la tanto
olhos em pranto assistiu sua partida
Ianê Mello
Afoguei-me nos teus olhos cheios de pranto
na partida, com tanta dor, daquele cais
tudo por te querer e te ter amado tanto
tudo por temer por minha ausência, não te ter mais
Mas porque mais que tudo eu te amava
e no meu desejo de tanto, tanto te querer
aqui e além cada vez de ti eu mais gostava
e por esse gostar só vim de amor, a padecer
Ousei navegar num mar profundo sem canseiras
despindo-me de todo o medo ou mau pressagio
e navegando a todo o pano e sem fronteiras
em teu corpo encontrei, por fim, doce naufrágio…
Joaquim Vale Cruz
*
Pintura de Alex Alemany
Nenhum comentário:
Postar um comentário