O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




sábado, 4 de junho de 2011

A DOR DA SAUDADE





Pai, ainda me lembro daquele dia
em que criança deitei em seu colo
e você me contou estórias de ninar,
acalentando meu sono, me fazendo adormecer.

Pai, ainda me lembro do seu rosto
suado e cansado da luta diária,
de seu terno amassado,
de seu olhar terno e amado
quando junto a mim ficava
e brincávamos de escolinha...

Eu, a professora
você, o aluno

...nossa brincadeira favorita!

Seguindo seus passos
professora me tornei
e ao ofício dediquei meu apreço.

Pai, como esquecer seu sorriso,
seu rosto marcado pelo tempo,
seus cabelos embranquecidos?
Como esquecer suas palavras
que em momentos de incerteza
anunciavam conforto e determinação?

Ainda posso ouvir você a me dizer:
- Vai minha filha, você é capaz!

Como esquecer seu companheirismo,
sua mão amiga a guiar meus passos?

O tempo passou e com ele seu vigor.
Seu corpo vencido pelo cansaço,
seus verdes olhos embaçados,
sua memória desvanecida,
sua saúde, dia a dia, mais debilitada.

Sim, pai, a mim antes parecia
que você não envelhecia,
que o tempo não lhe pesava.
Sua intensa sede de viver
cada momento como único.
Sua vontade de ajudar
escondendo a própria dor
num breve suspirar.

Quando dei por mim
enxerguei a dolorosa realidade.
Percebi que o seu tempo,
que a sua vida começava a decair.
Percebi que você não era para sempre
e que um dia não teria mais
a sua presença tão querida.

Pai, ainda me pego chamando seu nome
mas hoje não escuto mais a sua voz.
Não posso mais olhar seu rosto,
sentir suas mãos em meus cabelos,
sorrir com seu sorriso franco.
Me sentir amada, acalentada...

Ah, pai... como você me faz falta!




Ianê Mello

7 comentários:

Sandra Subtil disse...

Sei bem o que é essa saudade e essa dor.
Bonita homenagem.

Ianê Mello disse...

Obrigada, Sandra, pela sua presença. Bjs.

Paulo Francisco disse...

É uma dor miúda que nunca mais vai embora...
Um beijo grande

Ale disse...

Que homenagem linda,

Essas saudades, sempre andarão conosco

Ianê Mello disse...

Paulo e Alê,

por mais que se tente, certas saudades sempre irão nos acompanhar... e que aprendamos a lidar com elas.
Obrigada pela carinhosa presença.
Bjs.

Insana disse...

Estava com saudades de suas palavras, meus dias sem ter o que dizer me tirou ate gosto por ler. mais volto e aos poucos recupero o que perdir..

bjs
Insana

Ianê Mello disse...

Insana,também senti sua falta.
Volte, sim. te aguardo.
Fique em paz.

Bjs.

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