O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Dança em Descompasso

Cartier Bresson 




O meu par se afastou um pouco
Ele estava levemente alterado
Queria porque queria me enlouquecer
Pediu algo para o chefe da orquestra 
Depois soube que era uma valsa


Girando, girando...
minha cabeça  a rodar
Pensei que fosse um tango
"Por una cabeza" a imaginar


inventa-se tudo à girar
mão na mão, face na face
os passos sem medidas
acentuam o desajuste
da tonteira que isso dá


Bem poderia ser Astor Piazolla 
na vitrola a rodar
mas ele queria uma valsa
em seu passos a bailar


Cada vez que ela sente
perfumes que lhe chegam
como surpresa "caliente"
sua alma a girar mais ainda
passos de tango em Paris


Essa era a questão
num olfato tão apurado
estava mais para um tango
"caliente" como a estação
o verão que se aproximava 


Juventude que se esvai
cada tropeço uma sentença
danças de salão anoitecem
almas que quedam acesas
chamas a si mesmas corroem


E num olhar de mormaço
se perdem no passo a passo
inebriados de vinho
entorpecidos de amor


A vida imita a arte
som de passos que desistem
acomodam-se no ir embora
a luz que apaga a orquestra
é a mesma que acende a rua


Há que se ir sem demora
na parada do hotel da esquina
onde a vida se enamora
enquanto a madrugada finda

Beto Palaio e Ianê Mello




Ai o tango
Dança sensual
Em que o roçar dos corpos
Em passos rápidos
Lentos e lépidos
Suscita beijos sápidos
Quentes ou tépidos
Desfia a música
Em que o par se isola
Marcando o compasso
De Piazzola

Ai o tango
Em que me confundo
E com ela
Sonho
Um sonho profundo
Em que estamos sós
Bailando no Mundo

Ai o tango
Que eu quero dançar
Até meu final
A rodopiar
Sempre sem temor
De forma tão leve
Em compasso breve
Sentindo o odor
De uma qualquer flor
Nos braços do amor
Nesta vida breve…





Joaquim Vale Cruz

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