O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




domingo, 8 de agosto de 2010

Desafio poético: Poema quadrado

O desafio proposto é construirmos textos (em prosa ou verso) que tragam em sua estrutura quatro palavras, cada uma destas deve ser utilizada ao menos duas vezes em categorias gramaticais diferentes. Segue um exemplo:

Sonho - Caminho
Casa - Planta


Sonho com nossa casa
Casa comigo. Vem, me abraça
Planta a felicidade em meu caminho
A felicidade é o nosso ninho
Por isso caminho junto a ti
é o meu destino. O meu sonho
estar aqui
Como uma planta
e
n
r
a
i
z
a
d
a
em ti.



(Marcelino)



Falácia



... enquanto sem pão e sem prosperidade
neste país, se houver um só homem
sem trabalho, sem pão e sem letras:
— Só cem tetos, sem nenhum pão — uma farsa!


Se houver trabalho neste trabalho...
... enquanto o teto será de letras
cem, sem todas falsas, — uma só farsa!
Há o homem sem pão, — o pão do seu país!


Neste país, se houver pão de letras...
... enquanto todo homem será de letras
há prosperidade e letras sem pão.


O país do pão e trabalho sem teto;
força, força sem prosperidade
Sem trabalho serão todos sem teto!...


Machado de Carlos


***
O albergue vazio...
Sonho teus olhos
diluindo meu corpo
e suando desejos
transpiro teus beijos todos
mas quando acordo
jaz um pesadelo oco.
O Sonho evapora
resta-me o albergue vazio
coração apressado
desvairado
deixou-me sem ninho.
O apressado derrubou-me
bem na hora do afago.
Corro agora nesse passo
desatinado
estética e senso atropelados.
O vazio da alma ocupa tanto espaço
que não me encontro mais em mim
Fui desalojada, por fim.
Que fazer para que o albergue de novo
nessa alma já tão cansada
e sedenta de ti?...


Lou Albergaria



Deixei de sonhar, embora ainda vagueie no teu sonho.
Estou parada neste encruzilhada, embora saiba exactamente onde fica a casa, que partilhei contigo.
Lembro-me de como o caminho era sinuoso, das histórias de vampiros que inventavas enquanto caminhávamos.
Das plantas em que tinhas orgulho...
De como gostavas de te sentar ao fim da tarde no banco do jardim e escrever tudo o que querias plantar na estação seguinte...
Como se fosse possível casar a rosa com o malmequer ou o cravo com o lírio...
Nunca saberei agora...porque tudo morreu no dia da minha solidão...



Sandra



O caminho desse sonho é uma casa que seja planta que cresça, apareça e brotem flores, frutos, pequenas esperanças. 
Do caminho acordo em desalinho. 
Da casa fez-se um sonho. 
Terrestre esse destino criou raízes.
Amanheceu e um ninho de canários cantavam na nossa planta.





Luiza Maciel Nogueira 





O vento ronda a Oeste, as vagas piramidais ficam mais pequenas e mais espaçadas, o céu caótico começa a deixar passar uma mancha de azul, ou duas: não há dúvida, o mau tempo passou. 
É o momento de arrumar o barco, ver se há estragos, repará-los se for caso disso e seguir. 
O rumo talvez não seja exatamente o mesmo, mas o destino é. 

16 comentários:

Marta Vinhais disse...

Deixei de sonhar, embora ainda vagueie no teu sonho.
Estou parada neste encruzilhada, embora saiba exactamente onde fica a casa, que partilhei contigo.
Lembro-me de como o caminho era sinuoso, das histórias de vampiros que inventavas enquanto caminhávamos.
Das plantas em que tinhas orgulho...
De como gostavas de te sentar ao fim da tarde no banco do jardim e escrever tudo o que querias plantar na estação seguinte...
Como se fosse possível casar a rosa com o malmequer ou o cravo com o lírio...
Nunca saberei agora...porque tudo morreu no dia da minha solidão...

Espero ter passado no "desafio"...

Beijos e abraços
Marta

Luiza Maciel Nogueira disse...

O caminho desse sonho é uma casa que seja planta que cresça, apareça e brotem flores, frutos, pequenas esperanças. Do caminho acordo em desalinho. Da casa fez-se um sonho. Terrestre esse destino criou raízes. Amanheceu e um ninho de canários cantavam na nossa planta.

Bom, saiu assim. Confuso.

Bjs

Flávio Morgado disse...

Muito bom!!
Genial a idéia de propor desafios, e ainda melhor a forma como este foi respondido. Belo poema, Marcelino.
Podendo ter convidados, um dia gostaria de participar desses desafios.
Um grande abraço, faço-me um seguidor.

F.M.

Lou Albergaria disse...

Lindos os poemas!!!

Que desafio mais desafiador!

Muito criativo! Parabéns!

Vou ver se consigo fazer alguma coisa.

Beijos!!!

Cria disse...

Lindo demais, poeta !! Beijos, uma semana feliz pra ti.

Tiago Moralles disse...

Bom exercício.
Ótimo resultado.

Zélia Guardiano disse...

Estão de parabéns!
Trabalho lindo e, no meu entender, difícil...
Grandes poetas!
Abraço

Lou Albergaria disse...

Machado, parabéns!!!

Maravilhoso poema!!! Atual e necessário!

Beijos!!!!

Fátima disse...

Oi Ianê,
Primeira visita, puxando a cadeira, pegando um cafe, apreciando as palavras e pensando...há muita coisa boa para ler. Que bom!

Seguindo..
Se quiser me visitar fique à vontade.
Beijos a todos

VASCODAGAMA disse...

AMO PASAR POR AQUI

VOU VOLTAR

Nanah Amaral disse...

O vento ronda a Oeste, as vagas piramidais ficam mais pequenas e mais espaçadas, o céu caótico começa a deixar passar uma mancha de azul, ou duas: não há dúvida, o mau tempo passou. É o momento de arrumar o barco, ver se há estragos, repará-los se fôr caso disso e seguir. O rumo talvez não seja exatamente o mesmo, mas o destino é.
Beijos e Um Bom dia....

Otário Tevez disse...

este desafio constrói
uma nova aura em mim!
o texto de Marcelino
encontra-se muito
bem escrito, o de
Machado de Carlos,
Idem, porém, um
tanto confuso...

Marcelino disse...

A meu ver, Marta, Luiza Maciel Nogueira e Nanah Amaral construíram textos lindos q deveriam ser postados no Diálogos, independente de estarem ligados a uma postagem anterior, ganharam vida própria. O que a Ianê diz disso?

Unknown disse...

O seu blogue, como sempre é lindo e uma fonte de inspiração.

Abraço.

Jairo Cerqueira disse...

Marcelino, beleza de conteúdo e forma. Parabéns, a você e a todos que deram continuidade a esse poema lindo.

Ianê Mello disse...

Parabéns à todos.
Apareçam. Bjs

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